sábado, 23 de agosto de 2014

TROVAS A SÃO SEBASTIÃO




Tu, mártir dos tempos idos,
Conturbados e belicosos,
Tu, pioneiro dos decididos
Cristãos outrora generosos…

Da Narbonense desceste
Envolvido em mistério
Em Milão te inscreveste
Como cidadão do Império.

A educação refinada
Com sucesso extraordinário
Deu-te uma vida folgada
De exímio legionário.

Diocleciano te aceitou
Como chefe destacado
Mas depois te rejeitou
Por seres cristianizado.

Grande era a perseguição
Naquela data ocorrente
Arguido, qualquer cristão
Corria risco eminente.

Tu não sentiste o temor
Da grosseira fealdade,
Agiste com destemor
P´ la justiça e liberdade.

Passaste o fel da traição
E o ferrete da vingança
De um Império sem razão,
Sem cultura nem esperança.

Teu exemplo, luz fugaz
Mas de grande intensidade,
Gerou sementes de paz,
De ousadia e de verdade.

Esse Império insensível
Que de início te exaltou
De uma forma inadmissível
Tua conduta renegou.

Foste cravado de setas
Resistindo intemerato
E afrontaste noutras metas
Aquele Poder caricato.

Ceifaram-te a vida cedo
Com selvagem inclemência
Porque o Império tinha medo
De uma onda de resistência…

Tua coragem iluminada
De solidez meritória
É semente abençoada
Que renasce e faz história.

Neste tempo, estigmatizado
Por maldade e perdição,
Restas tu bem-aventurado
E Mártir São Sebastião!

Frassino Machado
In ODISSEIA DA ALMA


VIAGEM À ERMIDA DA SENHORA DAS PRECES






Lugar de “Roque Amador do Baraçal”


Em tarde solarenga, mês de Agosto,
Rumamos à Ermida acolhedora
Relembrando as festas de outrora
Ao toque de uma brisa em cada rosto.

Ali dois castanheiros centenários,
Quais sentinelas da sagrada ermida,
São testemunhas de esperança e de vida
Num desfiar de fé e de rosários.

Os ares do rio Côa que a protegem
São lenitivos de alma que emergem
Daquela sombra fresca que a rodeia.

A paz e o silêncio são benesses
Na doce oferta da Senhora das Preces
Que é protecção e bênção desta aldeia.

Segunda-feira de Páscoa, a devoção
Popular reacende a tradição…

Esta é, num colectivo em deriva,
A memória ontem e hoje sempre viva!

Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA


VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014










ROTA 01

Entre o Sabugal e a Guarda
A quatro léguas da fronteira
Baraçal, aldeia afortunada,
Com ampla vista prazenteira.

Terra de gente acolhedora
Sempre pronta a partilhar
Vida rural empreendedora
Muito amiga de festejar.

Quem lá entra, virado a norte,
É acolhido por São Gabriel
Em capela de bom recorte
Saudando o visitante fiel.

Uma aldeia das mais lindas
De fontanário frondoso
Com recinto de boas-vindas
Pra acolhimento amistoso.

Aqui se fazem festejos,
Jogos, merendas frugais
E alimentam-se desejos
Com bailes tradicionais.

Frassino Machado
Baraçal, Rota 01


VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014


ROTA 02

Um espaço de diversão
Com alma e iniciativa
Exige uma Associação
Cultural e Desportiva.

No centro da ampla via,
Antiga escola primária,
Tem a Junta de freguesia
Uma actividade diária.

Integrado na arquitectura
Com justo aproveitamento
Há espaço na estrutura
Para apoio e atendimento.

Daqui parte a serventia
Às famílias carenciadas
Neste activo Centro de Dia
Com obras bem ponderadas.

No extremo do povoado
Fica a igreja paroquial
Espaço bem enquadrado
Por torre monumental.

Junto à igreja, convidativo,
Verde parque refrescante
E um complexo desportivo
Para amador praticante.

Frassino Machado
Baraçal, Rota 02


VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014


ROTA 03


Mais adiante muito airosa
Antiga escola infantil
Feita agora proveitosa
Casa-museu primaveril.

Em espaço desanuviado
Rodeado de arvoredo
Está o café do povoado
Aberto de manhã cedo.

Ponto de encontro social
Bom lugar de convivência
Minimercado ocasional
Conforme à conveniência.

Do concentrado casario
Salta à vista a habitação
Casas típicas sem desvio
Dos ditames da tradição.

Altas casas solarengas
Rodeadas de pomares
Várias floridas vivendas
Com varandas e bons ares.

Frassino Machado
Baraçal, Rota 03
  

VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014


ROTA 04


Como aldeia que se preza
Nesta região interior
Dá soutos e dá riqueza
E carvalhos de primor.

Há fontenários, há eiras,
Há cultivos e há tapadas,
Há vinhas e há lameiras
E veredas desempenadas.

Mais a norte o campo santo,
Com briosas moradias,
Memoriais de terno encanto
Com mármores e alvenarias.

Há caminhos e há ladeiras
Muitas histórias contadas
Algumas serão verdadeiras
Outras também inventadas.

Baraçal velho faz-se novo,
Em cada ano há melhorias,
E até já nem há estorvo
Para novas tecnologias.


Frassino Machado
Baraçal, Rota 04


VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014

ROTA 05

Não esquecemos as Vinhas
Com história de tradição
Tem nichos e tem alminhas
E capela para a devoção.

Aqui, dizem, Baco desceu
Plantou vinhas e pinheirais
E um bom vinho recolheu
Pros divinos comensais.

À distância, do lado sul,
Há uma ermida com valor
Rodeada de céu azul
No sítio de Roque Amador.

A ela, em tempos antigos
Das vizinhas povoações,
Vinham famílias e amigos
Pra cumprirem devoções.

Qual pérola do rio Côa,
Baraçal é tão natural,
Usufruindo fresca e boa
Bela estância fluvial.

Aqui se pescam as trutas,
Nestas águas refrescantes,
Comem-se lanches e frutas
Em convívios retemperantes.

Frassino Machado
Baraçal, Rota 05
  

VISITAS A BARAÇAL DO CÔA, 2014

ROTA 06

Do povo nada a dizer
É sincero e trabalhador
E tem sempre que fazer
Esteja frio ou calor.

Tem os chãos ao pé da porta
Que cultiva com empenho
E se é longe, não importa,
Usa sempre o mesmo engenho.

Cada dia pela aurora
Tem a ajuda do seu gado
Colhe o pão a vida fora
Não faz contas ao passado.

Acredita no destino
E em Deus tem confiança
E nas horas de desatino
Vai rezando com esperança.

Pela festa do Padroeiro,
Que é São Sebastião,
Anima-se o povo inteiro
Em briosa animação.

Nada por cá é tristonho
Tudo convida a voltar
Neste horizonte de sonho
Que vale a pena recordar.

Frassino Machado
Baraçal, Rota 06

In CANÇÃO DA TERRA





BARAÇAL DO CÔA, EPÍLOGO DE UMA VISITA 


                                               “Agosto de 2014”


Resumindo em seis Rotas largas a descrever,
Com poéticas quadras, relevos e traços,
Tentei valorizar os exequíveis passos
Que em Baraçal almeje um visitante ver.

Poder-se-á, porém, ainda pretender
Visualizar por toda a bela aldeia espaços
Que valorizem em passeio sem embaraços,
Estas viagens que a todos vão enriquecer.

Mais que as diversas terras deste Portugal
É Baraçal do Côa, perto da fronteira,
Uma daquelas com estimulante mensagem.

Vale a pena a visita e a aventura especial
Que cada pessoa lembrará a vida inteira…
Passem por cá, é o nosso voto e BOA VIAGEM!

Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA





segunda-feira, 18 de agosto de 2014

BARAÇAL DO CÔA - ASSOCIAÇÃO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL



BARAÇAL DO CÔA, «Associação de Solidariedade Social (IPSS)» (*)

É uma Instituição de utilidade pública, sem fins lucrativos. É um BEM desejado por todos que integra os seus respectivos Sócios e quem se quiser associar voluntariamente.
Atende aqueles que procuram os seus serviços, mas tem sido ao longo do tempo uma realidade para os que vivem isoladamente ou que têm problemas de autonomia pessoal, em todos os aspectos. Trata-se de um Bem geral servindo todas as classes, não olhando a diferenças.
Está situada na sede da Junta de Freguesia, que faculta graciosamente uma dependência nova, cozinha e refeitório, permitindo o serviço no salão, quando necessário, e zelando também pelo aspecto do referido salão.
Estamos muito gratos aos mandatos da Junta de Freguesia que, tanto o cessante como o presente, nos acolhem com toda a dignidade.
É uma Instituição bem aceite e acarinhada pela população, desenvolvendo as valências de Centro de Dia e de Apoio Domiciliário, há cerca de doze anos, embora os apoios superiores sejam limitados mas todavia, com esforço, vai-se conseguindo manter, juntamente com os Corpos Sociais actuais.

                            Baraçal, 17 de Agosto de 2014

(*) – Apontamento coordenado pela professora Adélia Teixeira 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

BARAÇAL DO CÔA - A Festa do Padroeiro



Cada terra do mundo inteiro
Tem seus usos e tradições
E tem sempre um padroeiro
Com romarias e devoções.

Não há povo que não s´ esmere
Em mostrar aquilo que vale
Qualquer festa lhe confere
Ter brio de igual por igual.

A homenagem ao Padroeiro
Em qualquer vila ou aldeia
É sempre o toque derradeiro
De um contágio em cadeia.

Missa de festa e sermões,
Fanfarras e grupos corais,
Concorridas procissões
E outros eventos que tais.

Não faltam as alvoradas
Pra todo o povo alertar
E às vezes há desgarradas
Com copos a escorregar.

Há bailes e há cantorias,
E há bandas ao desafio,
Concertinas e harmonias,
Cada coisa num corrupio.

Seja um recinto ou um campo
Haja palco ou terra batida
Há dançares de encanto
E toda a gente divertida.

É assim Baraçal do Côa,
Em três dias de diversão
Gente animada, gente boa,
Em honra de S. Sebastião.

É justa esta homenagem,
Mesmo em tempo de frechadas,
Que a Fé não sofre dosagem
Nem abranda as caminhadas.

Se há martírios com memória
Que se devem relembrar
O de S. Sebastião na história
Compete-nos destacar.

Malgrado a tiranização
O Império não desabou
Continua ainda a repressão
De quem o poder ocupou.

Do Mártir, a sua atitude
Deixou as marcas singelas
Como espelho de virtude
Que faremos das sequelas?

Retiremos as ilações
Que nos forem pertinentes
Com coragem nos corações
Sejamos mais resistentes.

Mordomos com grande engenho
Fazem da Festa bandeira,
E a Junta, com o seu empenho,
Partilha de boa maneira.

O povo, feliz e contente,
Com os filhos da terra e de fora,
Revive no tempo presente
As boas memórias d´ outrora.

Todo este evento desfruta, 
Em animada convivência,
Sardinhas, febras e fruta,
E bebidas de excelência.

O ambiente com bons ares,
Em corpo são e alma sã,
Encerra cantos e bailares
Noite dentro até de manhã.

De parabéns os mentores
Pela Festa que pensaram,
De parabéns os fazedores
P´ lo sucesso que obtiveram.

Baraçal do Côa não pára,
Para o ano haverá mais,
Terra-do-fim mas jóia rara
Sonho e alma de cristais!

Frassino Machado
In CANÇÃO DA TERRA