domingo, 26 de agosto de 2018

O MÊS DA SENHORA DA PENHA




No mês da Senhora da Penha,
A mais bela de todas as Senhoras,
O mês de Setembro suave venha
E que abençoe as nossas horas.

O nosso mundo passa tão mal,
Cada hora é uma hora estranha,
Chega o Setembro consensual
No mês da Senhora da Penha.

Não é só o mês das colheitas
É o mês de todas as loas
E das promessas que são feitas
À mais bela de todas as Senhoras.

Os nossos tempos são de rigor,
Para o mundo que a paz não tenha
E p´ ra que a possa ter maior
Mês de Setembro suave venha.

A Senhora da Penha é bendita
Para nós nunca tem demoras
Que ela nos livre da desdita
E que abençoe as nossas horas.

Senhora da Santa Montanha
E da sacrossanta romagem,
Que Nossa Senhora da Penha
Dê luz e fé à nossa Viagem.

- Debaixo do Teu manto azul
Teu terno coração balança,
Desde esse norte até ao sul
Dá ao País nova Esperança!

Frassino Machado
In LIRA SUBMERSA 


ACORDOS & ACORDO





“Ainda o Acordo Ortográfico”


Todas as artes literárias são mutáveis
E abrangidas por acordos convencionais,
Estruturados p´ las linguagens naturais
À luz da história e de culturas memoráveis.

Os alicerces são as falas essenciais
Que na alma dos povos brotam sustentáveis
Por canções e por poemas sempre admiráveis
Na sua origem, desde os tempos imemoriais.         

Somos nós que fechamos a alma dos acordos
Na vácua ilusão da humana transcendência
Tornando agreste o chão da culta convivência
E os laços que nos ligam rudes e amargos…

Deixemos os acordos, por si mesmos, fluir
Usando da linguagem com sabedoria
E com arte literária, mas sem fantasia,
Propiciando qu´ a Língua possa reflorir!

É este o grande ACORDO – o Acordo que s´ impõe –
Pelo carácter e energia de que dispõe!


Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA



segunda-feira, 6 de agosto de 2018

UMA CRÓNICA DE VERÃO




“Na aldeia do Baraçal” (*)

Nesta aldeia do Baraçal
Respeitou-se a tradição
Fez-se festa consensual
Em honra de S. Sebastião.

Ninguém assumia o evento
Nem a responsabilidade
Mas, no preciso momento,
Ressurgiu a boa vontade.

Álvaro, Cândida e João,
Eis a tróica destemida,
À tarefa deitaram mão
Fazendo contas à vida.

Muita gente colaborou,
Não ficando ponto morto,
Todo o esforço resultou
E a festa foi a bom porto.

Na semana qu´ antecedeu
Co´ uma alma alegre e boa
Toda a gente conviveu
Na margem fresca do Coa.

Fez-se alegre caminhada,
Que já é tradicional,
Descansou-se da jornada
Co´ o picnic habitual.

No primeiro dia da Festa
Houve oração de vigília
Um pouco depois da sesta
Cantou o povo em família.

Manhã de festa na aldeia:
Missa solene, pois então,
Com a igreja quase cheia
Celebrou-se São Sebastião.

Não veio de fora o pregador
Mas não faltou o sermão
Pregou, à medida, o prior
Exultando à devoção.

     Actuou um coro afamado,
     Feito da prata da terra,
     Demonstrando, ensaiado,
     Que bela harmonia encerra.

Sob um intenso calor
Saiu à rua a procissão,
Sem a fanfarra a primor
Louvou-se São Sebastião.

Remanso em quente recinto,
Sede em calor abrasado,
Abriu-se como por instinto
Com todo o povo animado.

Terceiro dia, para fechar,
Onda Azul a condizer
Fez toda a aldeia delirar
Em sardinhada a valer.

Sardinhas quentes e boas,
Com sumos, febras e tinto,
Toda a gente cantou loas
Pois ninguém ficou faminto.

Houve por cima das mesas
Alguns sabores gostosos
Finuras de sobremesas
Pra satisfazer os gulosos.

E daqui resultou e bem
Euforia p´ la noite dentro
Sem brilho não houve ninguém
Com muito ou pouco talento.

Dançaram todos: as crianças,
Os adultos de qualquer idade,
E emigrantes, com esperanças
Pra matarem as saudades.

Do churrasco – os laborantes
E os serventes – com todo o brio,
Dançaram, mas vigilantes,
Cumprindo o seu desafio…

São assim de norte a sul
Todas as festas de Verão,
Debaixo de um céu azul
Lateja sempre o coração…

Com zelo e distinto cuidado
E com mordomos a condizer
Fica, na aldeia, aprovado
Que mais Festas há-de haver!


Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS

(*) – Baraçal, 6 – 08 – 2018