segunda-feira, 6 de agosto de 2018

UMA CRÓNICA DE VERÃO




“Na aldeia do Baraçal” (*)

Nesta aldeia do Baraçal
Respeitou-se a tradição
Fez-se festa consensual
Em honra de S. Sebastião.

Ninguém assumia o evento
Nem a responsabilidade
Mas, no preciso momento,
Ressurgiu a boa vontade.

Álvaro, Cândida e João,
Eis a tróica destemida,
À tarefa deitaram mão
Fazendo contas à vida.

Muita gente colaborou,
Não ficando ponto morto,
Todo o esforço resultou
E a festa foi a bom porto.

Na semana qu´ antecedeu
Co´ uma alma alegre e boa
Toda a gente conviveu
Na margem fresca do Coa.

Fez-se alegre caminhada,
Que já é tradicional,
Descansou-se da jornada
Co´ o picnic habitual.

No primeiro dia da Festa
Houve oração de vigília
Um pouco depois da sesta
Cantou o povo em família.

Manhã de festa na aldeia:
Missa solene, pois então,
Com a igreja quase cheia
Celebrou-se São Sebastião.

Não veio de fora o pregador
Mas não faltou o sermão
Pregou, à medida, o prior
Exultando à devoção.

     Actuou um coro afamado,
     Feito da prata da terra,
     Demonstrando, ensaiado,
     Que bela harmonia encerra.

Sob um intenso calor
Saiu à rua a procissão,
Sem a fanfarra a primor
Louvou-se São Sebastião.

Remanso em quente recinto,
Sede em calor abrasado,
Abriu-se como por instinto
Com todo o povo animado.

Terceiro dia, para fechar,
Onda Azul a condizer
Fez toda a aldeia delirar
Em sardinhada a valer.

Sardinhas quentes e boas,
Com sumos, febras e tinto,
Toda a gente cantou loas
Pois ninguém ficou faminto.

Houve por cima das mesas
Alguns sabores gostosos
Finuras de sobremesas
Pra satisfazer os gulosos.

E daqui resultou e bem
Euforia p´ la noite dentro
Sem brilho não houve ninguém
Com muito ou pouco talento.

Dançaram todos: as crianças,
Os adultos de qualquer idade,
E emigrantes, com esperanças
Pra matarem as saudades.

Do churrasco – os laborantes
E os serventes – com todo o brio,
Dançaram, mas vigilantes,
Cumprindo o seu desafio…

São assim de norte a sul
Todas as festas de Verão,
Debaixo de um céu azul
Lateja sempre o coração…

Com zelo e distinto cuidado
E com mordomos a condizer
Fica, na aldeia, aprovado
Que mais Festas há-de haver!


Frassino Machado
In AS MINHAS ANDANÇAS

(*) – Baraçal, 6 – 08 – 2018


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